segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Café Gourmet






Você tomaria uma bebida feita com fezes de animal? Antes de responder, saiba que é esse o ingrediente especial do café mais raro, saboroso e caro do mundo, o Kopi Luwak, originário da Indonésia. Essa, digamos, excentricidade do café sempre foi considerada uma lenda urbana, até que um estudo realizado pelo pesquisador italiano Massimo Marcone, em 2004, confirmou o que deve ter feito o estômago de muitos apreciadores da iguaria revirar. Os preciosos grãos são mesmo processados pelo sistema gastrointestinal e depois retirados dos excrementos da civeta, um mamífero parecido com um gato, que não existe no Brasil (na Indonésia, as palavras Kopi e Luwak significam, respectivamente, café e civeta). O animal come somente os frutos mais doces, maduros e avermelhados do café, que são digeridos pelo seu organismo, com exceção dos grãos, que são excretados junto com suas fezes. E é justamente essa produção limitada dos grãos (menos de 230 quilos por ano) o motivo de sua raridade, preço alto (cerca de mil dólares o quilo) e sabor inigualável, garantem os apreciadores. “Uma mistura de chocolate e suco de uva. Menos ácido e amargo do que os cafés comuns”, descreve Marcone.Enzimas, bactérias e fezesO pesquisador explica que à medida que o grão passa pelo sistema digestório do animal, ele sofre um processo de modificação parecido com o utilizado pela indústria cafeeira para remover a polpa do grão de café, mas que envolve bactérias diferentes das usadas pela indústria, além das enzimas digestivas do animal. É isso que dá ao Kopi Luwak seu sabor característico inigualável. Mas esse processo um tanto quanto esquisito de produzir café não representa riscos à saúde? “Os resultados dos testes que fiz em meus trabalhos mostraram que a bebida é perfeitamente segura”, garante Marcone. Não existem registros precisos sobre a história do Kopi Luwak, mas acredita-se que sua origem data de cerca de 200 anos atrás, quando os colonizadores holandeses iniciaram plantações de café nas ilhas de Java, Sumatra e Sulawesi, onde hoje é a Indonésia. É nessas ilhas que vivem as civetas, que começaram a se alimentar da planta. Para evitar o desperdício, os plantadores de café começaram a coletar os grãos que saíam intactos das fezes dos animais. Em algum momento alguém resolveu experimentar essa variedade aparentemente pouco apetitosa e descobriu o que hoje é considerado o café mais saboroso do mundo. E você, ficou com vontade de encarar?

1Kg aproximadamente 1500,00 reais








quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Cern: uma odisséia científica para descobrir a origem do universo
Tecnologia Grid entra em cena no auxílio à manipulação das informações
"O que é a matéria?", "do que é feita?", "qual é a sua origem?" e "como permanece unida formando objetos tão complicados como as estrelas, os planetas, o ar e os seres humanos?" A tarefa do maior laboratório de física de partículas do mundo, o Cern (Centro Europeu de Pesquisa
Nuclear, do francês – Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) é buscar a resposta para estas questões fundamentais da natureza. Para tal objetivo, físicos do mundo inteiro se reúnem numa colaboração internacional, que requer uma avançada tecnologia de comunicação e compartilhamento de dados.
Utilizando uma espécie de "túnel do tempo", os físicos simulam uma viagem até uma fração de segundo após o "Big Bang", a grande explosão que resultou no universo, de acordo com uma das teorias físicas. O "túnel" de que se trata é um acelerador de partículas: uma infra-estrutura capaz de provocar choques entre as partículas que compõem a matéria e desmembrá-las, tal como se encontravam após o “Big Bang”. E, através dos detectores - equipamentos acoplados no acelerador de partículas, os pesquisadores observam o que se passa a partir do choque dessas partículas, o que os possibilita estudar a estrutura da matéria.
Fundado em 1954, na Suíça, o Cern completa 50 anos em 2004, se notabilizando pelo exemplo de colaboração internacional: são, ao todo, 56 participantes, dentre países e organizações internacionais. Atualmente, está sendo preparado, para 2007, o próximo acelerador, que está sendo construído num túnel subterrâneo de 27 Km: o Large Hadron Collider (LHC), no qual estarão acoplados quatro detectores - Atlas, Compact Muon Solenoid (CMS), LHCb e A Large Ion Collider Experiment (Alice).
A partir do LHC, espera-se encontrar as respostas que faltam para completar o Modelo Padrão, ou seja, o quebra-cabeça criado pelos físicos para explicar a origem do universo. Uma pista para encontrar as respostas é a provável existência do Boson de Higgs, a partícula que seria responsável por agregar massa às partículas.
Dois detectores estarão pesquisando o Boson de Higgs
A corrida pela descoberta do Boson de Higgs vem despertando o interesse de físicos do mundo inteiro e motivou a construção de dois dos quatro detectores que estarão acoplados ao LHC: o Atlas e o CMS, ambos contando com a colaboração brasileira.
Medindo 45 metros de comprimento e com a altura aproximada de um prédio de cinco andares, o Atlas é um dos maiores experimentos de física de partículas já projetado. O orçamento total do projeto foi estimado em U$$ 600 milhões de dólares, quantia esta que só foi possível diante da grande quantidade de países participantes. O detector é resultado de uma colaboração internacional, que envolve 1800 cientistas de mais de 150 laboratórios e instituições em 34 países.
O CMS envolve 1.870 cientistas distribuídos em 150 instituições em 31 países. O Brasil contribui com 30 pesquisadores, incluindo físicos, engenheiros e cientistas da computação, divididos em sete instituições (Uerj, UFRGS, UFRJ, CBPF, UFBA, Unesp e USP). O objetivo do CMS será o mesmo do Altas, ou seja, comprovar a existência do Boson de Higgs .
Rede Grid é a solução para a manipulação da informação geradas pelo LHC
A previsão de dados coletados pelo LHC, ao longo de um ano, é de 20 petabytes, ou seja, cerca 20 mil terabytes. Segundo o professor de física da Uerj, Alberto Santoro, que coordenda o consórcio brasileiro na colaboração do CMS, uma das maiores dificuldades que a colaboração vai encontrar será a manipulação de uma quantidade de dados científicos dessa ordem de grandeza.
A solução encontrada para amenizar o problema foi a utilização da tecnologia Grid que, ao invés de concentrar toda a informação no Cern, como ocorre atualmente, é baseada no compartilhamento da informação entre diversas máquinas, de forma a facilitar o acesso dos físicos aos dados e arquivos a serem pesquisados ou transferidos.
A Uerj fará parte do projeto de Grid, armazenando no Brasil parte das informações, não só do LHC, mas de todo o Cern, o que dará ao País maior prestígio na colaboração. Para que este projeto se concretize é necessário que a rede da Uerj seja facilmente acessível para os demais físicos do Cern espalhados pelo mundo, mas, atualmente, a conectividade disponível não é suficiente. A idéia é começar com 622Mbps e chegar em 2007, ano de inauguração do LHC, com 10Gbps - explica Santoro.
Ao comentar tantos requisitos tecnológicos, necessários ao desenvolvimento de avançados sistemas de informação e, em especial, o projeto Grid, Santoro menciona a importância da RNP para a participação brasileira no projeto.
— Sem a RNP, fornecendo toda a infra-estrutura de rede necessária, não há projetos de cooperação internacionais nos quais o Brasil seja capaz de se inserir. Além da intensa troca de informação, essencial para colaborações desse porte, há outras aplicações, tais como videconferência, que só podem ser realizadas através das redes de pesquisa avançadas dedicadas à comunidade acadêmica mundial — comenta Santoro.

Texto retirado do site: http://www.rnp.br/noticias/2004/not-040511.html

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Como o Corpo Humano se Decompõe?


É um filme de terror de arrepiar os cabelos de qualquer defunto. Depois que a gente passa desta para melhor, nosso corpo perde suas defesas e começa a ser atacado por todos os lados: bactérias, animais e até substâncias produzidas por nós mesmos dão início ao fim. O cadáver vai ficando escuro e inchado, a pele e os órgãos se desfazem e o cérebro vira um caldo. Depois de algum tempo, não sobra quase nada. A decomposição acontece em duas frentes. A primeira é a mais esquisita: o próprio corpo se decompõe. "Quando alguém morre, a oxigenação pára de acontecer e o organismo se desequilibra. Minerais como o sódio e o potássio, importantes para o metabolismo, deixam de ser produzidos. Com isso, as células se desestabilizam e passam a digerir o próprio corpo", diz o fisiologista e professor de medicina legal Marco Aurélio Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP). Ao mesmo tempo, bactérias famintas também entram no banquete. As primeiras a avançarem na carne são as da flora intestinal e da mucosa respiratória, que já vivem no organismo. Para continuarem vivas, essas bactérias invadem os tecidos e os devoram. Depois disso, as bactérias do ambiente deixam o cadáver irreconhecível. O suculento resto fica para insetos e até cães, gatos e urubus. Em geral, um corpo sepultado leva de um a dois anos para se decompor totalmente, mas esse tempo pode variar dependendo das condições do ambiente e do cadáver ? se o morto tomava antibiótico, por exemplo, o processo demora bem mais. No fim, sobram apenas ossos e dentes, que duram milhares de anos a mais que os outros órgãos. Eles são a principal pista para que peritos consigam solucionar mortes violentas.

VIDA DE MORTO Cadáver vira banquete para bichos e bactérias até ficar só o osso.

SUCO PÓSTUMO A pele passa por uma transformação radical: primeiro, ela perde água e resseca, tornando-se amarela e enrugada. Com o ataque das bactérias, ela fica verde e se dilata. Depois aparecem as bolhas. Quando elas se rompem, é a maior nojeira: a pele começa a soltar líquidos e, por fim, se desmancha.

DURO NA QUEDA O cadáver começa a ficar duro algumas horas depois da morte por causa do acúmulo de cálcio nos músculos. O corpo do morto se contrai e fica com pernas e braços meio dobrados. Para esticá-los, basta dar um puxão - a história de que é preciso quebrar os ossos do morto para deixá-lo reto não passa de lenda.

RESISTÊNCIA MILENAR No fim da decomposição sobram apenas os ossos e os dentes do cadáver. O segredo é que eles são formados basicamente por minerais, enquanto as bactérias decompositoras se interessam apenas por matéria orgânica. Se o defunto for enterrado em condições normais, longe da umidade e do calor excessivo, esses órgãos podem durar milhares de anos.

EREÇÃO EXPLOSIVA Como a pele da região do pênis é mais frouxa que a de outras partes do corpo, os gases bacterianos se infiltram por ali com mais facilidade. Como resultado, o dito-cujo tem uma falsa ereção. Mas isso não significa que o defunto está animadinho: ele apenas se esticou com a descarga gasosa.

PERFUME DE PRESUNTO Durante a decomposição, as bactérias que consomem o corpo fabricam subprodutos com um odor nada agradável. Substâncias como a putrescina e a cadaverina (credo!) ajudam o corpo a cheirar tão mal. Mas o campeão do fedor é o gás sulfídrico, que, além de tudo, é inflamável.

NU COM A MÃO NO BOLSO Como diz aquela marchinha do Silvio Santos, "do mundo não se leva nada" - nem mesmo as roupas do funeral, que também são uma iguaria muito apreciada pelas bactérias. O algodão e outras fibras naturais vão embora mais rápido, em três ou quatro anos. Já tecidos sintéticos, como náilon e poliéster e outros derivados do plástico, podem durar décadas.

VISTA EMBAÇADA Como os outros órgãos, os olhos dos mortos também se desidratam. A córnea fica com uma espécie de tela viscosa meio esbranquiçada, parecida com um véu. Mais adiante, quando as bactérias e larvas começam a atuar, os olhos são o prato predileto. Por isso, eles são corroídos rapidinho até sumirem totalmente.

MINGAU DE CÉREBRO As células cerebrais apagam entre 3 e 7 minutos após a morte. Dias depois, quando os gases da decomposição invadem os órgãos, os tecidos do cérebro começam a se desmanchar. A partir daí, a massa cinzenta vai se tornando um líquido viscoso com a consistência de um mingau de cor de argila, que pode escorrer pelas narinas.

SANGUE FRIO Assim que o sangue pára de circular, ele perde oxigênio e fica mais escuro. Em 8 a 12 horas, ele começa a coagular, ficando com a consistência de uma goiabada. No fim, por ação da gravidade, o sangue concentra-se na parte de baixo do corpo, em regiões como as costas, pernas e pés.

CRESCIMENTO DO ALÉM Já ouviu aquele papo de que cabelos, pêlos e unhas crescem depois da morte? É verdade! Eles são feitos de queratina, uma proteína muito resistente. No caso de cabelos e pêlos, a estrutura onde os fios se desenvolvem nem percebe que a irrigação sanguínea acabou. Mas isso só dura 24 horas, quando os fios podem crescer no máximo 0,05 centímetro.

DESTRUIÇÃO INTERNA Pela ação das bactérias, os órgãos desprendem-se da estrutura do corpo e desmancham. Os que se decompõem mais rápido são os pulmões (que têm tecidos finos), os intestinos (que já possuem bactérias que ajudam na digestão) e o pâncreas (cujas enzimas agem na decomposição). Um dos que mais demoram é o fígado, pois ele é um dos maiores órgãos do corpo humano

Retirado do site:http://tutomania.com.br/saiba-mais/como-o-corpo-humano-se-decompoe

Eau de Hugô

É verdade que se usa vômito para fabricar perfume?

Texto Marcos Nogueira

O âmbar-gris, substância regurgitada pela baleia cachalote, é um dos ingredientes mais valiosos da perfumaria. Ele é um ótimo fixador de fragrâncias – os perfumes têm componentes altamente voláteis – e, mesmo sendo produzido no intestino de baleias, cheira bem.
Quer dizer, cheira bem depois de algum tempo de exposição à água do mar, ao sol e ao ar. Quando fresco, ele é preto, pegajoso e fedorento como o cão. Depois, fica sólido e acinzentado. Aliás, o “gris” se refere à palavra francesa que significa “cinza”. Já o âmbar tem a ver com o fato de que os perfumistas franceses o importavam dos países nórdicos, que também produziam o verdadeiro âmbar – uma resina vegetal amarelada. A proibição da caça à baleia em vários países levou às alturas o preço do âmbar-gris: para obtê-lo, é preciso pescar pelotas flutuantes no oceano ou esperar que elas venham parar na praia. Hoje já há substitutos químicos, mas a substância original segue sendo negociada a cotações que atingem R$ 20 o grama.O âmbar-gris não é comida parcialmente digerida. Ele seria resultado de uma reação infecciosa causada pelos dentes das lulas-gigantes no intestino do bichão. A baleia põe para fora uma porção que costuma pesar de poucos gramas a algumas dezenas de quilos, mas a maior peça de âmbar-gris já catalogada pesava 635 quilos.
Revista Superinteressante - Edição 244 - outubro de 2007